quarta-feira, julho 14, 2010

Textos de João Chagas

Andei a transcrever alguns textos de João Chagas. Aproveito e ponho aqui um deles:


XI


Está averiguado que o nosso permanente desequilibrio orçamental tem a sua origem em excessos de despesaa, causados pela exaggerada generosidade dos governos.
Os governos sáem dos partidos, os quaes, por sua vez, fundam a sua força na solidariedade dos seus amigos.
E’ essa solidariedade desinteressada?
Os ultimos acontecimentos escandalosamente nos provaram que não o é.
Os governos encontram-se, pois, n’estes termos, a fim de manter a unidade dos seus respectivos partidos, coagidos a prestar-lhes serviços que são – digamos a palavra, por muito feia que ella pareça – a paga da sua fidelidade.
Se os partidos se contentassem, n’esta ordem de idéas, com penhores modestos, seria excellente. Seria excellente, por exemplo, que o sr. Hintze Ribeiro se assegurasse a fidelidade dos seus amigos, distribuindo entre elles – mechas de cabello. Seria excellente que, com algumas chavenas de chá Hysson, servidas na casa da rua dos Navegantes, por algumas mãos delicadas, os amigos do sr. José Luciano se declarassem satisfeitos.
Mas não sucede assim, e tanto uns como outros reclamam demonstrações mais valiosas de reconhecimento, como sejam ramaes servindo as suas regiões predilectas, caminhos vicinaes valorisando a importancia e o preço das suas propriedades, situações e empregos para si e para os seus amigos, etc., etc. Estes serviços, que os governos não podem negar-lhes, sob pena de enfraquecerem a força dos seus partidos, ficam naturalmente a cargo do Estado e d’ahi esse augmento sistematico de despeza, que deu origem ao deficit sistematico.
Assim, o paiz endivida-se e exhaure-se para manter a ficção de de dois partidos politicos, e aqui está porque eu, sempre que devo pagar a minha decima, muitas vezes pela violencia, nunca o faco sem um vivo sentimento de revolta – porque sei que afinal o meu dinheiro, tão penosamente adquirido, vai apenas servir para augmentar o bem estar de certo numero de individuos, em detrimento do meu; e, se me permittem o desabafo, eu acho revoltante que, para que o sr. Albano de Mello, por exemplo, tenha mais um prato á mesa, eu deva privar-me de o ter.
Quem deveria em rigor fazer este sacrificio sera o sr. José Luciano, unico que, da solidariedade do sr. Mello, tira algum proveito.
Eu – não tiro nenhum.
No entanto pago. Pago, porque se não pagar, levam-me o proprio leito em que duro e eu prefiro prestar a esses factos a homenagem de alguns mil réis do que a homenagem mais dura de dormir no chão.


As Minhas Razões, João Chagas

sábado, julho 10, 2010

Rosé para o verão!

Não é a primeira vez que menciono a iniciativa da Mateus Rosé, e como é uma excelente ideia fica aqui outra vez.

Não deixem também de visitar o site onde podem ver uma galeria de fotografias e ganhar prémios!



A iniciatiava é boa... o rosé é ainda melhor! :D