quarta-feira, outubro 26, 2005

Legendary Tiger Man

Recebi ontem na minha caixa do correio um aviso do Comissariado Cultural da FEUP a avisar para um concerto deste artista português com comentários do Zé Pedro dos Xutos. Fiquei imediatamente curioso. Já tinha ouvido falar muito bem dele, e já tinha aqui no computador 3 álbuns que ouvira de passagem. Tinha gostado mas não me tinha prendido em repeats.

Espectáculo marcado para as 6:30 (um pouco tarde não sendo um concerto à noite) começou um pouco mais tarde.

Entrou o Zé Pedro que se confessou que sem ideias sobre o que falar. Pelos vistos tinha-lhe sido pedido para falar sobre a história do rock.

De improviso foi falando, desde os anos 50, as influências da música negra, os primeiros sucessos, como os diversos mercados ditaram as regras sobre quem fazia sucesso. Contou muitas histórias interessantes, que eu, na minha infinita memória já me esqueci. Falou-se muito.. não queria dizer demasiado pois estava-se num ambiente descontraído a conversar sobre as origens do rock, mas notava-se que a maior parte da audiência estava lá para ouvir o Tiger Man.

Paulo Furtado só entrou no palco já perto das 8 da noite, muita gente saiu esganada de fome mas muitos outros ficaram.

E ainda bem que se ficou. Instalou-se no meio de uma aparente confusão de instrumentos musicais. The Legendary Tiger Man é uma One Band Man. Ou seja, é só um gajo a fazer por 3 ou 4. Se ao principio parece um pouco complicado, Paulo Furtado parece que está em casa e mexe-se e toca como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu nunca conseguiria ter aquela coordenação de pés quanto mais de pés, mãos e ainda o fôlego do homem... Arrisca-se em voos altos mas sem qualquer receio – afinal aquilo é a casa dele.

E começa a música.

Já devem ter reparado que não sou crítico nenhum de músico, nem muito menos audiófilo. Apenas gosto de música.. muito mesmo. E é nesta condição que falo que vi e ouvi.

Adorei.

Se a presença de apenas um homem no palco com uma série de instrumentos à volta que quase o abafam não parece encaixar muito bem no cenário que é o anfiteatro da FEUP, o som encarregou-se de deitar por terra qualquer suspeita de “He shouldn’t be there”. Por todo o lado via-se as pernas dos espectadores a mexerem ao ritmo imposto pelo bombo. Acho que apenas não se saltou para os corredores a dançar por 2 razões: Estavam também lá professores nossos e o pessoal não quis fazer figuras tristes; o som era tão esquisito que eu não fazia a mínima como é que se conseguia dançar. Apenas sentia-se a música a entrar e vibrava-se por dentro.

Tiger Man emanava uma energia e um fôlego que nem parecia que precisava de fazer esforço. Para ele era a coisa mais natural do mundo estar a tocar 3 instrumentos ao mesmo tempo e ainda cantar. E cantar de plenos pulmões que se não impressionou a plateia toda... pelo menos a mim impressionou.

Tocou umas poucas de músicas (desculpem se não ponho aqui o alinhamento), duas delas com a participação do Zé Pedro que deu uns toques na guitarra a acompanhar.

Acabou cedo mais por força da fome do que cansaço, tempo ou fim de repertório. Teve direito a encore de uma música após já muita gente se ter levantado a pensar na barriga a dar horas. Paulo Furtado ainda considerou se havia encore: “Se 3 pessoas quiserem, eu ainda toco mais uma...” éramos uns 30 a pedir.

Em jeito de conclusão: A história do rock acho que merecia mais do que uns pequenos comentários (de hora e meia) de Zé Pedro. Acho que se conseguiria repetir a experiência com 2 ou 3 outros músicos para algo mais elaborado.

The Legendary Tiger Man também merecia mais. Do pouco que mostrou, encantou a plateia (tinha um gajo atrás de mim agarrado ao telemóvel: “Ouve-me este som. É só um gajo a tocar tudo... é bestial!!!!”). Não sei qual é o melhor ambiente para um espectáculo destes, se um ambiente mais intimista (mais adequado a uma banda de uma pessoa que pede interacção do público) ou se um concerto ao ar livre num grande palco (para a musica conseguir chegar em toda a sua pujança a todo o lado).

Afinal, faz-se boa música em Portugal


PS: A fotografa era muito gira.

1 Tremura:

Martina Gamba Tanga Cardamomos disse...

Ele é demais, podes crer!
Tb o vi há pouco tempo, mas em Aveiro, e foi brutal, não parava de tremer ao som do ritmo!
Muito bom som sim senhor, e ele tem uma pinta incrível!
He's got the blues!!!!

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