Passeios debaixo de água

A noticia de chuva durante o fim de semana não é boa. Mesmo nada boa! Subsiste a esperança que domingo ainda melhore um bocado mas também devo dizer que a chuva tem algo de mágico.

Ontem à noite precisei de fazer uma visita de emergência ao Pingo Doce e chovia de carai. Fiquei a olhar pela janela enquanto ganhava coragem. A chuva e o vento faziam vergar as árvores, grandes lagos ocupavam a maior parte da rua. Pessoas corriam a tentar desviar-se da chuva como se ocupassem apenas a espessura de um palito. Cabeças baixas, afinal ficavam com a impressão que não chovia tanto se não sentissem as gotas na cara.

Mas foi então que algo em mim se alterou. Eu queria ir a apanhar chuva.

Já não me lembrava quando tinha sido a última vez que tinha sentido a água a escorrer pela cabeça daquela maneira. Rodeado por um temporal sentia-me mesmo bem. Saltava por cima dos guarda chuvas partidos abandonados no chão, desviava-me apenas de seres que não conseguia ver a cara, mas apenas o seu guarda chuva que lutava contra o vento.
O caminho até ao pingo doce é curto e com algumas zonas cobertas, mas mesmo assim cheguei à loja totalmente encharcado com água a cair-me à frente dos olhos. 3 minutos que pareceram horas no meio de uma tempestade em alto mar. A calma dentro de um supermercado com ar condicionado contrastava, e dava um imensa sensação de calma apesar das luzes frias e intensas. Rapidamente se esquece do tempo lá fora e se embala no meio das frutas, embalagens coloridas e música de elevador.
Quis a tempestade de novo. Como uma criança a tentar perceber os elementos da natureza, abraça-los e não maldizer deles.
No caminho de regresso a chuva tinha abrandado apesar de ainda se sentir o vento frio na cara.


Soube a pouco, quero ir passear para o meio de uma tempestade. Quem me acompanha?